quinta-feira, 25 de outubro de 2007

ETERNAS AINDA SERIA POUCO PARA DENOMINAR NOSSAS SAUDADES





























Grande amigo que deixa-nos tão cedo, não sem, todavia, marcar definitivamente nossas vidas com seu exemplo de simplicidade, doação e amor profundo pela missão e pelo povo de Deus.




Agora está mais perto do Pai e roga por nós para que possamos continuar o projeto de Cristo aqui na terra.





Leandro, Léo, Capote...



Em nossos corações a saudade, mas também a esperança de que nos reencontraremos um dia na presença de Deus e habitaremos para sempre em Sua casa.



Os seus amigos da FAFS

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Quem foi Maria Quitéria?




“Cumpri apenas meu dever de brasileira”

Maria Quitéria de Jesus Medeiros foi uma militar brasileira, heroína da Guerra da Independência. Considerada a Joana D'Arc brasileira, é a patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro.
Maria Quitéria nasceu no sítio do Licurizeiro, uma pequena propriedade no Arraial de São José das Itapororocas, na comarca de Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira, atual município de Feira de Santana no estado da Bahia. A data mais aceite pelos pesquisadores para o seu nascimento é a de 27 de julho de 1792. Foi a filha primogênita de Gonçalo Alves de Almeida e Quitéria Maria de Jesus.
Em 1803, perdeu a mãe, assumindo a responsabilidade dos afazeres domésticos e da criação de seus irmãos. Cinco meses depois, o pai casou-se com Eugênia Maria dos Santos, que veio a falecer pouco tempo depois, sem que da união nascessem filhos. Mudaram-se então para a fazenda Serra da Agulha, no caminho das tropas que, transitando pelo Caminho da Bahia, iam e vinham de Cachoeira a Minas Gerais e Goiás. Isso permitiu que, mesmo isolada no sertão, recebesse regularmente as notícias e as novidades da capital baiana e da Corte, como a chegada da Família Real Portuguesa ao Rio de Janeiro e as agitações pela Revolução Liberal do Porto e pela Assembléia Nacional Constituinte, que culminaram na Independência do Brasil.
Na nova residência, Gonçalo Alves casou-se pela terceira vez, com Maria Rosa de Brito, com quem teve mais três filhos. A nova madrasta, afirma-se, nunca concordou com os modos independentes de Maria Quitéria. Embora sem uma educação formal, uma vez que à época as escolas eram poucas e restritas aos grandes centros urbanos, Maria Quitéria aprendera a montar, a caçar e a usar armas de fogo.
Maria Quitéria encontrava-se noiva quando, entre 1821 e 1822, iniciaram-se na Província da Bahia as agitações contra o domínio português. Em Janeiro de 1822 transferiram-se para Salvador as tropas portuguesas, sob o comando do General Inácio Madeira de Melo, registrando-se em Fevereiro o martírio de Sóror Joana Angélica, no Convento da Lapa.
Em 25 de junho, a Câmara Municipal da vila de Cachoeira aclamou o Príncipe-regente D. Pedro como "Regente Perpétuo" do Brasil. Por essa razão, em julho, uma canhoneira portuguesa, fundeada na barra do rio Paraguaçu, alvejou Cachoeira, reduto dos independistas baianos. A 6 de setembro, instalou-se na vila o Conselho Interino do Governo da Província, que defendia o movimento pró-independência da Bahia ativamente, enviando emissários a toda a Província em busca de adesões, recursos e voluntários para formação de um "Exército Libertador".
Tendo o velho Gonçalo, viúvo, sem filho varão, se escusado a colaborar, para a sua surpresa, a filha Maria Quitéria, pediu-lhe autorização para se alistar. Tendo o pedido negado pelo pai, fugiu, dirigindo-se a casa de sua meia-irmã, Teresa Maria, casada com José Cordeiro de Medeiros e, com o auxílio de ambos, cortou os cabelos e, vestindo-se como um homem, dirigiu-se à vila de Cachoeira, onde se alistou sob o nome de Medeiros, no Regimento de Artilharia, e ali permaneceu até ser descoberta pelo pai, duas semanas mais tarde.
Defendida pelo Major José Antônio da Silva Castro (avô do poeta Castro Alves e comandante do Batalhão dos Voluntários do Príncipe – popularmente apelidado de "Batalhão dos Periquitos", devido aos punhos e gola de cor verde de seu uniforme), e, em virtude de sua facilidade no manejo das armas e de sua reconhecida disciplina militar, foi incorporada à tropa. Ao seu uniforme, foi acrescentado um saiote à escocesa por ela própria modelado; usava também um vistoso capacete com penacho.
Aos 29 de outubro seguiu com o seu Batalhão para participar da defesa da ilha de Maré e, logo depois, para Conceição, Pituba e Itapoã, integrando a Primeira Divisão de Direita. Em fevereiro de 1823, participou com bravura do combate da Pituba, quando atacou uma trincheira inimiga e fez vários prisioneiros portugueses (dois, segundo alguns autores), escoltando-os, sozinha, ao acampamento.
Em 31 de março, no posto de Cadete, recebeu, por ordem do Conselho Interino da Província, uma espada e seus acessórios.
Em abril, participou da defesa da barra do rio Paraguaçu quando, no comando de um grupo de mulheres, com água pela altura dos seios, avançou contra uma barca portuguesa, impedindo o desembarque de tropas de reforço ao inimigo.
Finalmente, a 2 de julho de 1823, quando o "Exército Libertador" entrou em triunfo na cidade do Salvador, Maria Quitéria foi saudada e homenageada pela população em festa. O governo da Província dera-lhe o direito de portar espada. Na condição de Cadete, envergava uniforme de cor azul, com saiote, além de capacete com penacho.
A partir do seu retorno à boca do sertão baiano, escasseiam referências. Ou as parcas esqueceram de trançar os fios, ou ainda, restam muitos dados a pesquisar, sobretudo nos álbuns familiares e nos registros de paróquias. A biografia, na tarde e crepúsculo de sua vida, pode resumir-senos seguintes acontecimentos: casamento com o noivo/ namorado antigo Gabriel Pereira Brito, com quem teve uma filha; morte do marido; cegueira progressiva e pobreza extrema. Por fim, provavelmente em 21 de agosto de 1853, morreu, esquecida, aos 61 anos, nas imediações de Salvador, para onde a filha a levara. Não teve o mausoléu comumente reservado aos heróis. Ignora-se onde está o túmulo.
“Maria de Jesus é iletrada, mas viva. Tem inteligência clara e percepção aguda. Penso que, se a educassem, ela se tornaria uma personalidade notável. Nada se observa de masculino nos seus modos, antes os possui gentis e amáveis” (Maria Graham, escritora inglesa).

MARCOS PAULO SANTA ROSA

Termo de Abertura

É com grande alegria que o Diretório Acadêmico Maria Quitéria, da Faculdade Arquidiocesana de Feira de Santana, lança o seu blog. Este tem um duplo objetivo. O primeiro é de ser um meio privilegiado de comunicação entre o nosso alunado. O segundo é de ser um canal de abertura ao mundo, divulgando nossas atividades e projetos e acolhendo o que o novo nos propõe. Com a criação deste blog o Diretório Acadêmico está cumprindo mais um de seus objetivos/propostas no campo da comunicação e, ao mesmo tempo, desempenhando um papel já desejado pelos alunos desta instituição e querido pela própria Igreja, como expressa o documento conciliar Inter Mirifica. Desejo que todos possamos fazer um bom uso de mais este meio e que ele nos ajude a dar continuidade em nosso processo de ensino-aprendizagem, bem como em nossa missão e identidade de portadores da Boa Nova. Sucesso a todos que por aqui passarem!!!
Evandro de Santana Andrade
Diretor do D. A. Maria Quitéria

Gestão Inter-Ação

Gestão Inter-Ação








Tema do mês

Missão sem fronteiras

A Igreja é, por sua natureza, missionária. Com o objetivo de recordar aos cristãos essa identidade, todos os anos, no mês de outubro, realiza-se a Campanha Missionária. Temos ainda bem presente em nossa memória o tema da CF 2007: “Amazônia, Vida e Missão nesse chão”. Inspirado por esse convite, o tema da Campanha Missionária alarga os horizontes da fé com um surpreendente desafio: “Deus Ama sem Fronteiras: da Amazônia para o Mundo”. Como assim? Há poucos meses a CF nos convocava a fazer missão na Amazônia, e agora a Campanha Missionária nos incentiva a partir da Amazônia para o mundo? Como é possível convidar uma Igreja pobre, com necessidades urgentes a enviar missionários para outras partes do planeta? Esse apelo somente tem sua lógica quando colocado no contexto da Missão universal. Os ensinamentos de Jesus nos ajudam a entender essa Missão quando ele ordena: “Ide, pregai a Boa Nova a toda criatura” (Mt 28), a todos os povos e culturas de todos os tempos. A Igreja sabe que as palavras de Cristo “Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus”, tornaram-se sua Missão. O Apóstolo dos gentios, Paulo, consciente dessa ordem chega a afirmar: “é um dever que me incumbe, e ai de mim se eu não evangelizar” (1Cor 9, 16). Conforme nos recorda a Encíclica Evangelii Nuntiandi, “evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar” (13) Essa é uma indicação clara de que toda a Igreja, mesmo as mais necessitadas, deve ser missionária, do contrário não é a Igreja de Cristo. Conseqüentemente ou o cristão é missionário ou não é cristão. Nesse âmbito, o que podemos dizer da Igreja no Brasil, o país mais católico do mundo, mas que tem apenas 1.853 missionários e missionárias além-fronteiras? A maior conversão seria passar de uma Igreja de batizados para uma Igreja de discípulos missionários.

Na sua mensagem para o 81º Dia Mundial das Missões, a ser celebrado no dia 21 de outubro, o papa Bento XVI nos recorda que “toda comunidade cristã nasce missionária e é, justamente, com base na coragem de evangelizar que se mede o amor dos fiéis”. A mensagem traz no seu título uma afirmação carregada de significado: “Todas as Igrejas para o mundo inteiro”. Nesse sentido qualquer comunidade cristã que se forma, por menor que seja, mesmo aquela da Mongólia com pouco mais de 300 cristãos ou aquela da Amazônia com suas carências e riquezas, nunca deve fechar-se em si mesma. Afinal de contas, a Amazônia tem muito a contribuir para o mundo! A tentação de nos voltarmos somente para os nossos problemas locais nos faz esquecer o compromisso com a Missão Ad Gentes, a cooperação missionária de todo o povo de Deus e o envio de missionárias e missionários além-fronteiras. O amor de Deus não tem fronteiras e a nossa fé é universal. Por isso a participação na Missão universal não é opcional, deixada à livre escolha na generosidade da comunidade cristã, mas uma lei fundamental de vida e identidade.

A Conferência de Aparecida, ao tratar da Missão Ad Gentes reafirma Puebla (1979). “Somos Igrejas pobres, mas ‘devemos dar desde a nossa pobreza e a partir da alegria de nossa fé’, (Puebla 368) e isto sem descarregar sobre alguns poucos enviados o compromisso que é de toda a comunidade cristã” (DA 379). “Deus Ama sem Fronteiras: da Amazônia para o Mundo”.
(extraído de: http: www.alemfronteiras.org.br)

Igreja no Mundo

NOTAS SOBRE A CATOLICIDADE DA IGREJA


A Igreja é o trabalho de Cristo na terra; ela é a imagem e moradia de Sua abençoada Presença no mundo. E no dia de Pentecostes o Espírito Santo desceu sobre a Igreja, que estava então representada pelos doze Apóstolos e por aqueles que estavam com eles, especialmente Maria, Sua mãe. Ele entrou no mundo para morar conosco e agir mais completamente do que jamais havia agido anteriormente: "porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado" (João 7,39).

Em Cristo, como Deus-Homem, o significado da raça humana não só é revelado como cumprido. Em Cristo a natureza humana é aperfeiçoada, é renovada, reconstruída, criada nova. O destino humano encontra seu objetivo: Cristo revela ao ser humano sua verdadeira face.

Assim sendo, "A Igreja é o completamento de Cristo da mesma maneira que a cabeça completa o corpo e o corpo é completado pela cabeça. Por ai nós compreendemos porque o Apóstolo vê que Cristo, como a Cabeça precisa de todos os seus membros. Porque se muitos de nós não fossemos, um a mão, outro o pé, outros ainda outros membros, Seu corpo não estaria completo. Assim Seu corpo é formado de todos os seus membros. Isso significa, "Que a cabeça estará completa, somente quando o corpo é perfeito; quando nós todos estivermos mui firmemente unidos e reforçados” (São João Crisóstomo, Homilia aos Efésios 3, 2; Migne, P. 1xii.c.26).

A catolicidade da Igreja não é um conceito quantitativo ou geográfico. Ele não depende em nada da dispersão dos fiéis pelo mundo todo. A universalidade da Igreja é a conseqüência ou a manifestação, mas não a causa ou a base de sua catolicidade. A extensão por todo o mundo ou a universalidade da Igreja é só um sinal exterior, sinal que não é absolutamente necessário. A Igreja é católica não só por causa de sua entidade totalmente abrangente, ou porque une todos os seus membros, todas as Igrejas locais, mas sim porque ela é católica em tudo, na sua menor parte, em todos os atos e eventos de sua vida. A natureza de Igreja é católica; a própria trama do corpo da Igreja é católica.

O valor decisivo reside na catolicidade interna e não em universalidade empírica. As opiniões dos Padres são aceitas, não como uma sujeição formal a uma autoridade externa, mas por causa da evidência interna da verdade católica. O corpo todo da Igreja tem o direito de verificar, e para ser mais exato, o direito, e não só o direito mas o dever, de certificar.
O Cristianismo desde seu início existiu como uma realidade corporativa, como uma comunidade. Ser Cristão significa justamente pertencer à comunidade. Ninguém pode ser Cristão por si próprio, como um indivíduo isolado, mas só junto com os "irmãos," em uma "junção" com eles.

A catolicidade se dá porque a Igreja é a unidade da vida carismática. A fonte dessa unidade está escondida no sacramento da Eucaristia e no mistério do Pentecostes. E o Pentecostes continua na Igreja tornado permanente por meio da Sucessão Apostólica.

A Igreja é aqui, nesse mundo, para a salvação dele. Mas justo por essa razão ela tem que se opor e renunciar a "esse" mundo. Deus pede o homem todo, e a Igreja dá testemunho e apoio a essa exigência "totalitária" de Deus revelada em Cristo. O Cristão tem que ser uma "nova criação". Quando nos inserimos em Cristo e damos continuidade a seu plano salvífico aí a Catolicidade da Igreja se torna realidade palpável.




Pe. Jorge Ribeiro








“Diocese é a porção do povo de Deus, que se confia aos cuidados pastorais de um Bispo, coadjuvado pelo seu presbitério. Unida a seu pastor e reunida por ele no Espírito Santo por meio do Evangelho e da Eucaristia, constitui uma Igreja Particular, na qual está e opera a Igreja de Cristo, Uma, Santa, Católica e Apostólica.” (Christus Dominus 11)




A Diocese de Feira de Santana foi desmembrada da Arquidiocese de São Salvador da Bahia pela Bula Novae Ecclesiae assinada pelo saudoso Papa João XXIII do dia 21 de julho de 1962. Com as bênçãos de Senhora Sant’Ana recebemos o nosso primeiro Bispo, Dom Jackson Berenguer Prado (1962-1971), que com muito vigor assumiu a difícil tarefa de organizar a Diocese recém-criada. Nossa Diocese permaneceu vacante por dois anos devido a nomeação de Dom Jackson para a Diocese de Vitória da Conquista.



No ano de 1973 foi nomeado para Feira de Santana o então Bispo de Caetité, Dom Silvério Jarbas Paulo de Albuquerque,OFM que renunciou no ano de 1995. Muitas foram as lutas de Dom Silvério por causa da falta de sacerdotes para atender as diversas Paróquias. Estimulou o surgimento de vocações autóctones pois o trabalho na messe do Senhor estava cada vez mais exigindo pessoas preparadas para caminhar com a realidade do povo.



Assumiu a Diocese no ano de 1995, Dom Itamar Vian, OFMcap vindo da Diocese de Barra e tendo como lema episcopal: “Somos todos irmãos”. A Diocese de feira de Santana foi elevada a Sede Arquidiocesana com uma bela Concelebração Eucarística na Praça da Matriz no dia 16 de março de 2002 presidida pelo Núncio Apostólico Dom Alfio Rapisarda. Dom Itamar recebeu então o título de Arcebispo sendo o primeiro de uma história que continuará pelas terras de Sant’Ana. Dom Itamar sempre se mostrou atencioso com seu clero, com as Paróquias e as pastorais. Homem simples, grande comunicador da mensagem evangélica guia com muita sabedoria o rebanho que o Senhor lhe confiou distribuído em 35 Paróquias de toda a Arquidiocese.


Junto ao nosso louvor a Deus vai o profundo agradecimento a cada um que nesses 45 anos caminham lado a lado conosco ajudando-nos a construir nossa história. Você que nos acompanhou sempre ou está nos conhecendo, una-se a nós para cantarmos ao Senhor “porque eterno é seu amor e sua fidelidade permanece para sempre”.



Luciano Curvelo

Eco Teológico

MISSÃO E VIDA: UNIDAS PARA EVANGELIZAR



A missão antes de ser tarefa a realizar é vida. Antes de sermos enviados à missão (fazer missão) é necessário existir, ser chamado à vida. Por isso, Deus nos amou antes da criação do mundo.
Somos chamados à vida, chamados pelo próprio Deus como pessoas de sua confiança conforme seu projeto e para seu projeto.
Em seguida somos chamados para a vida divina, pelo batismo. Esta vocação desdobra-se em carismas vocacionais específicos e diversificados: na vida cristã, na vida consagrada e no ministério ordenado.
A missão antes de ser uma tarefa a ser cumprida, é uma vida (humana e divina) a ser vivida. Esse chamado é pessoal, intransferível. Nele se encontra a realização de nossas vidas. Antes, portanto, de fazermos missão, somos missão. Aqui está o grande segredo da missão de Jesus: Ele sempre se fez missão e nunca fez missão. Nós sempre queremos fazer missão e esquecemos de ser missão.
A exemplo de Jesus precisamos fazer da nossa vida uma missão, para assim contagiarmos aqueles que encontramos no nosso cotidiano no nosso caminho. Precisamos ter os mesmos sentimentos de Jesus: “anunciar a chegada do reino como perdão e misericórdia que se estende a todos os homens e mulheres, também aos impuros e pecadores, e cuja presença é manifesta por sinais bem concretos que repercutem na ordem social de seu tempo (acolher o leproso, curar os doentes, comer com os pecadores...) (cf. nº 29 Doc. 40 CNBB)”.
Missão implica em: relação com Deus, com as pessoas e com a natureza, ou seja, é uma comunhão total com O Pai e com toda sua criação. É uma relação de amor na qual o Espírito Santo dá sentido à vida nos impulsionando para o outro.
A promoção humana, o empenho pela justiça e a paz no mundo são elementos integrantes da missão.
Por isso somos chamados a ver com olhos de irmãos e de irmãs que se debruçam sobre “as alegrias e sofrimentos, impasses e saídas, pobreza e tentativas de superá-las, os gritos, clamores e silêncios da humanidade. Ver o mistério do pecado, da iniqüidade que submete e exclui”.
Deus quer que seus filhos dispersos formem o “Povo de Deus”, que sejam comunidade. Sendo assim, somos convidados a transformar essa realidade, fazendo com que o plano salvífico de Deus continue acontecendo em todos os cantos e com todos povos, fazendo acontecer já aqui na terra o Reino tão sonhado e desejado por todos.

Mundo de Sophia

De onde vim? O que é que faço? Para onde vou? Quem sou? O que é que quero?



É certo que, desde o surgimento do ser humano na terra, muitas foram as indagações a respeito do mesmo. Muitos pensadores (filósofos) e até mesmo a ciência, incubiram-se a estudar questões concatenadas à natureza humana. Apesar de muitas pesquisas, epistemologicamente falando, quase nada foi elucidado a respeito de sua origem e atividade, ou seja, o homem continua sendo uma icógnita.

Paradoxalmente, criamos técnicas e, por meio dessas, controlamos e explicamos todo universo, porém, por outro lado, não sabemos se quer, falar de nossa própria essência, de nossa própria natureza...é contraditório! Como devemos nos comportar diante do abordado? Eu, por exemplo, prefiro engendrar a minha linda de pensamento e, por meio dessa, comportar-me acreditando que sabemos sim a respeito de nossa humanidade; porém, pelo que me parece,o que está em jogo, não é o fato de não sabermos de onde vinhemos, mas sim, a dificudade de aceitar que somos fruto de uma realidade, de uma história, a qual nos projetou ao mundo, e fez de nós o que somos.

Somos e vinhemos de uma história e, particulamente, cada individuo possui a sua história; o difícil é aceitá-la, pois nem sempre, esta nos é favorável. O correto é que, mesmo fugindo dela, querendo ou não, construímos uma identidade. Mas construir uma identidade, nem sempre significa grandes êxitos. Pois, num sentido mais profundo, na maioria das vezes, em meio as tantas atividades que executamos, é quase impossível dizer ou explicar o que realmente fazemos ou vinhemos fazer nesse planeta. Isso se dá, porque não fazemos o que realmente gosteriarmos de fazer. Infelizmente, fazemos aquilo que a sociedade cobra e espera que façamos. Infligir tal lei, é, de certa forma, não se lançar, mas ser lançado à própria margem da sociedade. Para que isso não venha acontecer, abdicamos dos nossos sentimentos, aptidões e vontades. Com issso, abraçamos um sistema, que escraviza e fere a dignidade humana. Nesse dilema, sentimo-nos como que perdidos, sem rumo e sem horizontes. Podemos, em alguns casos, até saber para onde vamos ou aonde queremos chegar, mas, conforme diz o compositor Toquinho, na música “aquarela”: “o futuro é uma astronave que tentamos pilotar; não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar. Sem pedir lincença muda a nossa vida e depois convida rir ou chorar. Nessa estrada, não nos cabe conhecer ou ver o que virá. O fim dela, ninguém sabe bem ao certo onde vai dá”...

Se assim procede, qual deveria ser a nossa atitude diante da incerteza? Não planejar o futuro? Não cultivar os nossos sonhos? Não sei! Tudo que sei, é que se assim fosse feito, poderiamos estar anulando a possibilidade de sofrermos, pois se o sofrimento existe, este é a dor que sentimos, por causa de um sonho não realizado. Falando em sonho, há um sonho que é comum a todo ser humano, o mesmo consiste, em um dia, podermos, através de nossa própria voz, dizermos quem realmente somos. Pois este direito nos foi tirado, e é o que possuimos ou o que fazemos, quem vai dizer, de verdade, quem somos, como devemos ser vistos e tratados pela sociedade. Infelizmente, o ser humano em si, não diz mais nada, perdeu o seu valor. Dessa forma, fica mais que difícil dizermos o que realmente queremos, mas se algum dia pudermos fazer essa escolha, certemente, vamos optar , simplismente, por liberdade. Pois sabemos que somente essa, pode nos devolver a felicidade que tanto almejamos.

Temos mais que o direito de questionarmos todas as proposições presentes neste texto, porém se as reflitirmos, cuidadosamente, poderemos constatar que nada há de falacioso nas mesmas. Mais que isso, não fiquemos aturdidos com a história de Eliane, a menina que vivia se arrastando pelo chão, perto do lixo, suja e sem características de gente. Pois, há em cada um de nós, um pouquinho da Eliene; é certo que não existe lixo, mas há o preconceito, a arrogância, o egoismo, a pre-potência, dentre outros. Tais fatores, também fazem com que saiamos do nosso estado natural de pessoas e, consequentimente, percamos as nossas características de seres humanhos. É preciso e, até querente, sabermos que não somos os protagonistas do mecionado acima, mas sim a nossa própria história de vida, a qual nos engendrou e nos conduz a tais condições.



Djalma Andrade

7.09.2007

Quero falar! !

NO ROL DOS CULPADOS:
PODER E CRIMINALIZAÇÃO DO CANDOMBLÉ NA FEIRA DE SANT’ANNA NOS PRIMÓRDIOS DA REPÚBLICA



Josivaldo Pires de Oliveira
Doutorando – CEAO/UFBA


Em um interessante artigo sobre documentos cartoriais e preservação de arquivos Robert Slene fez uma provocação que, com certeza, causou inquietação nos pesquisadores que trabalham com documentação de arquivo, inclusive, documentos manuscritos. Slene fazia referência a queima de documentos históricos depositados em arquivos cartoriais, a mando do então ministro da Fazenda Rui Barbosa, no final do século XIX. A preocupação de Robert Slene era que, pelo trágico estado de conservação de nossos arquivos, o que não foi incinerado no início da República brasileira poderá sê-lo agora.

Discutir, então, sobre documentos manuscritos e os múltiplos olhares de caráter investigativo que possam ser lançados sobre eles no momento em que a comunidade de pesquisadores tem se manifestado de forma mais sistemática através, inclusive, da organização de grupos de pesquisa que se ocupa com a recuperação da memória histórica através da preservação desses documentos, é salutar. Para evidenciar a importância da preservação de documentos manuscritos, preocupação manifestada no citado texto de Robert Slene, recuperei dos empoeirados maços de documentos da Secretaria de Segurança Publica depositados nos arquivos do Centro de Documentação e Pesquisa da Universidade Estadual de Feira de Santana, uma história protagonizada por uma curandeira que revela os bastidores da relação de poder entre a justiça, revestida do poder burocrático, e adeptos do candomblé e saberes mágicos de cura na então vila de Feira de Sant’ Anna na primeira década republicana.

Ainda no calor da instalação do regime republicano no interior da Bahia, um crime “bárbaro” ocorreu em agosto de 1904. Para uma primeira vista este seria um caso isolado na pacata e bem quista urbe de Feira de Sant’ Anna. Entretanto, não se tratava de um simples crime como outros que ocorriam. Era uma chacina que preocupava as autoridades e que não deveria ser tolerada pelo espírito republicano: quatro mortes em um terreiro de candomblé que funcionava na residência de uma das vítimas de nome João Evangelista Pires; e o mais agravante: a ré era reincidente e tratava-se de mais um crime promovido pela prática “bárbara” da feitiçaria, conseqüente da ingestão de suas beberagens. Essa é a versão explicitada nas peças dos Autos correspondente do processo movido pela justiça feirense contra a curandeira Maria Carolina da Cruz e seus pares. O objetivo aqui é, então, evidenciar a criminalização das práticas de candomblé, na região de Feira de Sant’ Anna, como conseqüência da repressão aos saberes de cura denominado curandeirismo.

POLÍCIA, CANDOMBLÉ E CRIMINALIZAÇÃO

A prática da religião de matrizes africanas em Feira de Sant’ Anna, remonta ao século XIX, como consta na documentação que tenho consultado para a elaboração de minha tese de doutoramento. O processo crime mais antigo que encontrei data de 1901, no qual cita um candomblé já bastante conhecido na região. Como se trata de um terreiro com certa notoriedade implica recuar mais alguns anos, podendo sugerir a prática do candomblé na Feira de Sant’ Anna dos oitocentos.

Ao aflorar o século XX, a imprensa feirense registrou a prisão de algumas pessoas envolvidas com prática de candomblé, acusadas também de “feitiçaria”. Atente-se para a empolgada narrativa do articulista:
Prisões em Penca
No Limoeiro, povoação da freguesia dos Humildes, deste termo, em noite de 16 para 17 do corrente Victorino Araújo da Silva, alli residente, Pedro Alves de Almeida e mais vinte e tantas pessoas, que foram já soltas, ficando detidos os dois primeiros.
O motivo da prisão constatamos, ter sido dança do “
candomblé” e feitiçaria.

A prisão ocorreu em maio de 1901, ainda no calor do novo Código Penal, sancionado em 1890. A notícia informa que das pessoas recolhidas pela polícia, naquela batida, apenas duas foram encarceradas. De fato o crime foi lavrado pela justiça feirense como “curandeirismo”, sendo indiciado os senhores Victorino Araújo da Silva e Pedro Alves de Almeida, como informou o articulista. A acusação: “dar remédios e tocar candomblé”.
A partir de então parece ter a polícia feirense desenvolvido uma campanha sistemática de repressão ao candomblé sob o jugo da perseguição às práticas de cura vinculadas aos saberes mágicos de caráter afro-religioso, citados na então legislação penal como crimes contra a saúde pública, em seu art. 158. Este foi o caso de Maria Carolina da Cruz , conhecida por Lina, a curandeira.

Em agosto de 1904 o que parecia ser uma simples celebração em um terreiro de candomblé, localizado no distrito de Almas, atual município de Anguera, passou a um grande problema para a curandeira Lina. Depois de um estranho desentendimento entre alguns participantes da festa, se desenrolou um conflito corporal entre os mesmos atingindo o fatal índice de quatro mortos. Lina foi responsabilizada pelas mortes, acusada de ter ministrado suas conhecidas “beberagens”.


O promotor publico da Comarca no desempenho de suas attribuições e baseado nos depoimentos por traslado juntos a esta, vem denunciar da conhecida curandeira (sic) de nome Maria Carolina da Cruz, vulgo “Lina”, residente no districto das Almas, deste termo, por haver no dia 13 de agosto do anno próximo passado, n’aquelle districto, promovido um “candomblé” ministrando substancias noscivas a saúde, das quais servindo-se (...) alteraram-lhes de tal modo as suas funções physiologicas que, travada a lucta entre os mesmos, no pressuposto de quantos se lhes apresentavam eram bichos, resultou a morte dos quatro últimos, em conseqüência dos ferimentos recebidos por cacete, tição de fogo e as mais que se lhes deparava.


O desentendimento referente poderia ter uma outra origem que não o efeito do que se diz ter Lina ministrado para os envolvidos beberem: “substancias noscivas a saúde”. O fato de ser ela uma conhecida curandeira e o caso ter ocorrido no interior de um terreiro de candomblé talvez tenha tornado mais simples o trabalho dos prepostos da justiça e da polícia: precisavam resolver os crimes e ao mesmo tempo responder às solicitações de repressão aos candomblés e as práticas dos curandeiros, que por sua vez estavam ligados, no caso da vila de Feira de Sant’ Anna, ao culto afro-brasileiro.

Curandeiro, feiticeiro ou outro adjetivo que faça referência aos saberes mágicos de matrizes africanas, vinculado às práticas afro-religiosas, deixou muitas pistas em Feira de Sant’ Anna. A maior parte dos processos criminais, identificados nos arquivos feirenses, movidos contra curandeiros identifica a prática de candomblé. Em alguns destes o réu é indiciado apenas por bater candomblé sem a autorização do delegado de polícia. Há, então, um elemento importante a ser considerado no tocante à característica das práticas de repressão policial aos adeptos do culto afro-brasileiro em Feira de Sant’ Anna, constatado inclusive no caso de Lina: as prisões não eram realizadas unicamente por bater candomblé, mas principalmente por exercerem os saberes mágicos afro-brasileiros identificados como “feitiçaria”, “magia negra” e “curandeirismo”. O candomblé era apenas um elemento agravante.

No final do século XIX, Nina Rodrigues acusou que essa incessante repressão poderia ser justificada pelos diferentes medos que tinha a sociedade católica por essas práticas:


O medo do feitiço como represália pelos maus tratos e castigos que lhe eram infligidos, em primeiro lugar; o temor supersticioso de práticas cabalísticas de caráter misterioso e desconhecido; [sic.] em segundo, o receio, aliás bem fundado, de que as práticas e festas religiosas viessem obstar a regularidade do trabalho e justificassem a vadiagem; em terceiro, a cobição prepotente do poder do senhor que não admitia no negro outra vontade que não fosse a sua, tais foram os verdadeiros motivos porque, mesmo quando se concedeu licença aos negros para se divertirem ao som monótono do batuque, os candomblés eram, de contínuo, dissolvidos pela violência, os santuários violados e os fetiches destruídos.


Atualmente, alguns leitores, um tanto quanto desavisados, ridicularizam a abordagem de Nina Rodrigues, limitando-se aos preconceitos característicos do pensamento social de sua época. Entretanto, passagens da obra como a citada a cima, com certeza, não seria alvo das referidas depreciações, pois sua observação corresponde em muitos aspectos o que poderia ter ocorrido no processo de abordagem judiciária ao que aconteceu no terreiro de candomblé no distrito de Almas.

É consenso entre muitos estudiosos que a preocupação das elites locais com os saberes mágicos de cura, ou seja, com as práticas do curandeirismo, no Brasil, remetem ao período colonial e, no caso de Feira de Sant’ Anna, existem registros para o século XIX. Rollie Poppino, por exemplo, citando uma fonte de 1894, afirmou que apesar da perseguição sofrida pelos curandeiros, “a prática do curandeirismo continuou nas zonas rurais do município” em todo período contemplado por sua pesquisa, a saber: de 1860 a 1950. Infelizmente, por se tratar de uma nota de roda-pé, o autor não forneceu mais informações a esse respeito, quem sabe ajudaria a entender melhor o que aconteceu naquele candomblé, em agosto de 1904. Seguindo as ligeiras pistas deixadas por Poppino, foi possível revelar importantes fontes a cerca da repressão ao curandeirismo associado ao candomblé nessa região, infelizmente os limites desse trabalho não me permite apresentá-las.


A FORMAÇÃO DA CULPA E A RESISTÊNCIA DA CURANDEIRA


A prática do candomblé não era crime, mas considerada agravante, pois a mesma era entendida como legitimadora do curandeirismo e como não era contemplada pela criminalização no Código Penal, em vigência, escapava a uma ação mais explícita da polícia. Neste caso, os adeptos do culto afro-religioso respondiam processos judiciais por crimes contra a saúde pública, acusados de praticarem indevidamente a arte de curar. Representavam, por isso mesmo, essas ações, a criminalização da prática de candomblé. Eis uma suposição que deve ser considerada no caso de Lina, a curandeira, pois a mesma fora processada pelo Tribunal do Júri da Comarca de Feira de Santa’ Anna, por crime contra a saúde pública, na verdade tratava-se da prática de cura ligado ao universo afro-religioso.


Por esses fundamentos [...] procedente a denuncia de folhas contra Maria Carolina da Cruz, para pronucial-a, como pronuncia, [...] no grao maximo do art. 158 único do Código Penal visto concorrerem as circunstancias aggravantes dos 4°, 6° e 7° do art. 39 do dito Código e sujeita a prisão e livramento.
O escrivão passe mandado de prisão contra a denunciada e lance o seo nome no rol dos culpados; pagas pela norma os custos, em que a condena.


Formada a culpa, enquadrada no grau máximo do art. 158, Lina, a curandeira, teve o seu nome lançado no “rol dos culpados”. Curiosamente os outros indivíduos apontados como pares de Lina e citados no processo não sofreram sanções penais de tamanha gravidade: crime contra a saúde pública. Ao que parece essa era mais uma tentativa de encarcerar a notória curandeira, que havia driblado as autoridades já algumas vezes.

Durante o desenrolar do processo foram ouvidas seis testemunhas sendo que todas elas reconheceram Lina como curandeira às vezes denominada feiticeira, pelo menos na pena do escrivão. Entretanto, o depoimento da segunda testemunha, o senhor Auto Pereira do Nascimento, morador na freguesia do Bomfim, atual município de Bomfim de Feira, afirmou que os envolvidos estavam bastante alcoolizados, por mais que o mesmo também afirmasse que as vítimas consumiram as “beberagens preparadas pela feiticeira de nome ‘Lina’”. No mesmo fólio que consta esse depoimento o escrivão registra que Manoel Cândido Pires, um dos acusados no processo, afirmou que “fez essas mortes suppondo que estava dando em hichas”: ou seja a origem do conflito pode estar em eventos anteriores à beberagem ministrada pela curandeira.

Essas especulações não invalidam o resultado do processo nem tão pouco coloca em dúvida a acusação da promotoria e nem é essa a idéia aqui intentada. O que busco provocar na leitura do documento é simplesmente outras possibilidades de interpretação do fato. Como por exemplo, porque não considerar, a partir do depoimento das testemunhas, a possibilidade de embriaguez e da própria rixa existente entre os envolvidos. O fato é que a sentença de Maria Carolina da Cruz foi lavrada e o seu nome lançado no “rol dos culpados”. Vale saber, agora, se a mesma permitiu a execução penal:


Certifico eu escrivão, abaixo assignado, que dei ciência ao Doutor Promotor Publico Bucão Vianna, do despacho de pronuncia retro, deixando de intimar a [de]nunciada por ignorar o seu paradeiro, tendo contra a mesma passado mandado de prisão em duplicata e lançado a folhas, digo, lançado o nome da mesma no rol dos culpados a folhas19 verso.


Lina não esperou para ver!

É possível que a curandeira tenha sido mais uma vítima da repressão policial, assim como ocorreu com os candomblés na capital baiana. Julio Braga ao analisar o processo judicial movido pela justiça da capital contra o pai-de-santo Nelson José do Nascimento apontou a fuga como resistência, ou seja: “não respeitar o árbitro da justiça”.
Parece que esta era uma prática corrente entre os sacerdotes e mestres da arte de curar vinculados ao culto afro-brasileiro na Bahia republicana. Pois Lina, assim como Nelson, não esperou para ver cumprir o mandado de prisão emitida pela justiça feirense e pelo que consta do próprio processo essa não era a primeira vez. A curandeira não reconheceu a autoridade que criminalizava o exercício de um saber ancestral representativo de sua identidade cultural, historicamente constituída: o saber mágico afro-religioso de curar.

À GUISA DE CONCLUSÃO

O que se conclui é que Maria Carolina da Cruz foi processada incursa no art. 158 do Código Penal Brasileiro e o candomblé mais uma vez citado em um processo criminal que nas entrelinhas insinua o culto afro-religioso como locos de criminalidade, ou pelo menos de transgressão. Mas os adeptos do culto e mestres da cura sempre encontravam suas diferentes formas de resistência e o não reconhecimento do arbitro da justiça foi uma das mais recorrentes. A preservação de documentos manuscritos nos arquivos históricos cumpre uma função indispensável para a recuperação de histórias como a da curandeira Lina, possibilitando assim uma melhor compreensão da dinâmica de mudança histórica que caracteriza a evolução de uma sociedade e garantindo uma maior competência para nós cidadãos do presente entender os significados do passado, os quais são pressupostos da constituição de nossa identidade.

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