Missão sem fronteiras
A Igreja é, por sua natureza, missionária. Com o objetivo de recordar aos cristãos essa identidade, todos os anos, no mês de outubro, realiza-se a Campanha Missionária. Temos ainda bem presente em nossa memória o tema da CF 2007: “Amazônia, Vida e Missão nesse chão”. Inspirado por esse convite, o tema da Campanha Missionária alarga os horizontes da fé com um surpreendente desafio: “Deus Ama sem Fronteiras: da Amazônia para o Mundo”. Como assim? Há poucos meses a CF nos convocava a fazer missão na Amazônia, e agora a Campanha Missionária nos incentiva a partir da Amazônia para o mundo? Como é possível convidar uma Igreja pobre, com necessidades urgentes a enviar missionários para outras partes do planeta? Esse apelo somente tem sua lógica quando colocado no contexto da Missão universal. Os ensinamentos de Jesus nos ajudam a entender essa Missão quando ele ordena: “Ide, pregai a Boa Nova a toda criatura” (Mt 28), a todos os povos e culturas de todos os tempos. A Igreja sabe que as palavras de Cristo “Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus”, tornaram-se sua Missão. O Apóstolo dos gentios, Paulo, consciente dessa ordem chega a afirmar: “é um dever que me incumbe, e ai de mim se eu não evangelizar” (1Cor 9, 16). Conforme nos recorda a Encíclica Evangelii Nuntiandi, “evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar” (13) Essa é uma indicação clara de que toda a Igreja, mesmo as mais necessitadas, deve ser missionária, do contrário não é a Igreja de Cristo. Conseqüentemente ou o cristão é missionário ou não é cristão. Nesse âmbito, o que podemos dizer da Igreja no Brasil, o país mais católico do mundo, mas que tem apenas 1.853 missionários e missionárias além-fronteiras? A maior conversão seria passar de uma Igreja de batizados para uma Igreja de discípulos missionários.
Na sua mensagem para o 81º Dia Mundial das Missões, a ser celebrado no dia 21 de outubro, o papa Bento XVI nos recorda que “toda comunidade cristã nasce missionária e é, justamente, com base na coragem de evangelizar que se mede o amor dos fiéis”. A mensagem traz no seu título uma afirmação carregada de significado: “Todas as Igrejas para o mundo inteiro”. Nesse sentido qualquer comunidade cristã que se forma, por menor que seja, mesmo aquela da Mongólia com pouco mais de 300 cristãos ou aquela da Amazônia com suas carências e riquezas, nunca deve fechar-se em si mesma. Afinal de contas, a Amazônia tem muito a contribuir para o mundo! A tentação de nos voltarmos somente para os nossos problemas locais nos faz esquecer o compromisso com a Missão Ad Gentes, a cooperação missionária de todo o povo de Deus e o envio de missionárias e missionários além-fronteiras. O amor de Deus não tem fronteiras e a nossa fé é universal. Por isso a participação na Missão universal não é opcional, deixada à livre escolha na generosidade da comunidade cristã, mas uma lei fundamental de vida e identidade.
A Conferência de Aparecida, ao tratar da Missão Ad Gentes reafirma Puebla (1979). “Somos Igrejas pobres, mas ‘devemos dar desde a nossa pobreza e a partir da alegria de nossa fé’, (Puebla 368) e isto sem descarregar sobre alguns poucos enviados o compromisso que é de toda a comunidade cristã” (DA 379). “Deus Ama sem Fronteiras: da Amazônia para o Mundo”.
(extraído de: http: www.alemfronteiras.org.br)
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